Entenda a alergia ao látex

O látex é a seiva natural da árvore Hevea brasiliensis, que coagula quando exposta ao ar. Esta seiva é usada para fazer borracha natural e, só nos Estados Unidos, é utilizada em mais de 40.000 produtos industrializados (balões, brinquedos, equipamentos esportivos, materiais médicos, etc.).

Os principais alérgenos do látex estão presentes na matéria-prima e nos extratos dos produtos finais da borracha. Cada um desses alérgenos apresenta estabilidade e biodisponibilidade diferentes, e de acordo com o processamento de determinadas proteínas, suas características podem ser modificadas.

A exposição aos antígenos do látex pode ocorrer através de contato com mucosas, pele, exposição intravenosa e por via inalatória.

Os processos alérgicos, que envolvem o sistema imunológico, podem ocorrer por dois mecanismos: proteínas naturais do látex podem levar a reação do tipo I, mediada pela imunoglobulina E (IgE), e os antioxidantes químicos que são usados no processamento da borracha podem causar uma reação do tipo IV, mediada por células T (dermatite de contato).

Mecanismos não imunológicos (não alérgicos) podem levar a dermatite irritativa (vermelhidão, coceira, vários tipos de lesões), causada por irritação química.

Acredita-se que a prevalência de alergia ao látex esteja entre 10-17% nos profissionais de saúde, e 1 a 6,5% na população geral.

Quais são os fatores de risco?

Profissionais de saúde, trabalhadores das indústrias de látex, crianças com espinha bífida, história pessoal de alergia e pacientes que realizaram múltiplas cirurgias, especialmente do trato urinário, apresentam maior risco de sensibilização ao látex. Esse risco aumenta com a exposição contínua.

Pacientes com alergia ao látex podem apresentar hipersensibilidade associada aos alérgenos de diversas frutas e vegetais. Essa reatividade cruzada entre o látex e plantas é denominada “síndrome látex-fruta”. Alimentos relacionados com o látex: banana, abacate, pera, aipo, castanha, entre outros. Aproximadamente 30 a 50% dos indivíduos com alergia ao látex apresentam associação com hipersensibilidade a uma ou mais frutas.

Manifestações clínicas

Rinite (coriza, espirros, coceira no nariz, obstrução nasal), conjuntivite (vermelhidão ocular, coceira e lacrimejamento), asma (falta de ar, aperto e “chiado no peito”), urticária (placas de tamanhos variados associadas à coceira), anafilaxia (reação grave, com sintomas respiratórios, gastrointestinais e queda de pressão), dermatite de contato alérgica (descamação, coceira, vermelhidão na pele) ou irritativa (vermelhidão e coceira na pele) e síndrome látex-fruta (irritação e coceira em cavidade oral, edema de língua e lábios).

Diagnóstico

É realizado através da história clínica, exame físico e exames complementares caso necessário (teste de contato, teste do dedo de luva, teste de luva de látex, teste cutâneo de leitura imediata e dosagem de IgE específica para látex no sangue).

Tratamento

Até o momento, não existe uma cura para alergia ao látex. O tratamento é baseado na prevenção (ler rótulos de produtos, lista de produtos que contenham látex, diminuição do uso do látex nas indústrias, etc) e tratamento dos sintomas.

Bibliografia

Bailey M. et al. Latex allergy in a paediatric hospital. Characteristics and risk factors. Rev Chil Pediatr. 2016 Jun

Miaozong Wu, et al.: Why does latex allergy remain a prevalent occupational hazard? J Occup Health, Vol. 58, 2016

Bueno de Sá A et al. Alergia ao látex. Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 33. N° 5, 2010

Helen Binkley et al. Latex Allergies: A Review of recognition, evaluation, management, prevention, education, and alternative product use. Journal of Athletic Training 2003;38(2):133-140

Gostou?

Vamos combater a alergia juntos.

Acompanhe minhas dicas